Sugerimos que os esforços de descolonização da ciência são fragilizados em processos nos quais são dadas pouca atenção a dimensões metodológicas da produção de conhecimentos. A abertura para imaginações radicais esbarra em culturas acadêmicas moldadas pela subjetivação neoliberal; injustiças investigativas com comunidades pesquisadas; marginalização transgênero; reificaçãoda investigação participativa e comunitária; redução das comunidades pesquisadas a problemas; exploração dos conhecimentos alternos através de ‘pirataria’ acadêmica; comodificação de perspectivas anticoloniais. _x000D_
Esses modos de produzir conhecimento condicionados por uma ‘economia política do conhecimento’ imbricam-se a um caráter fechado de metodologias acadêmicas executadas como “processos fixos, padronizados e estáveis” para executar “validade, científica ou institucional, baseada na repetição” (Rojas, 2012). Mas, as “formas de conhecer não são uma coleção de ideais, mas sim conjuntos de práticas e relações” (Patel, 2022). Precursores como Sandoval, Smith, e Simpson têm interrogado modos canônicos de produção de conhecimento, mobilizando dispositivos metodológicos divergentes e re/distribuições ontoepistêmicas. Robinson e Roy (2015) observam que os estudos urbanos vem experimentando “uma proliferação de paradigmas e exploração ou invenção de várias metodologias inspiradas pela diversidade e mudanças geográficas da urbanização global”._x000D_
Esse movimento de renovação também tem tomado corpo no Brasil, sendo reforçado pela relativa democratização da universidade pelas políticas de cotas nas últimas décadas. Essas experiências nos informam sobre uma diversidade de práticas ética e metodologicamente orientadas por políticas do encontro e do ‘cuidado’ (de la Bellacasa, 2017) e por ‘questões de interesse’ (Latour, 2005) de moradora/es e coletividades. _x000D_

Glória Cecília dos Santos Figueiredo & Thaís Troncon Rosa
Universidade Federal da Bahia


 
ID Abstract: 940